domingo, 20 de fevereiro de 2011

PIQUETE DAS ROÇAS DE BENTO RODRIGUES E DAS CINCO SERRAS MUITO ALTAS DO ROTEIRO DO CAMINHO DA VILA DE SÃO PAULO PARA AS MINAS GERAIS E PARA O RIO DAS VELHAS DE ANDRE JOÃO ANTONIL.

PIQUETE NO CAMINHO DO OURO, NO CAMINHO DA HISTÓRIA “UM  ROTEIRO TURISTICO DO SÉCULO XVIII”
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REVISTA DE ESTUDO TURISTICO, EDIÇÃO N.º 10 OUTUBRO DE 2005 - TRANSCRIÇÃO: (1)
Ordem Régia de censura a roteiros turísticos do século XVIII: André João Antonil no Índex 23/3/2003 - (João dos Santos Filho) 

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Características dos roteiros do século XVIII.
Os roteiros descritos por Antonil, relatam os vários caminhos que vão da vila de São Paulo para as Minas Gerais e ao rio das velhas, este, o mais detalhado, porque descreve as distancias e as condições de alimentação dos viajantes. Um segundo, o caminho velho da cidade do Rio de Janeiro para as Minas Gerais passando também pelo rio das velhas. Um terceiro, do caminho da cidade da Bahia para as minas do rio das velhas E um último, da cidade do Rio de Janeiro para Minas Gerais.
Todos eles possuem uma preocupação comum, chegar as minas de ouro, ou seja, aos núcleos de desenvolvimento, econômico, social e político que começavam a aparecer no Brasil em virtude da chamada febre do ouro. Em primeiro lugar, podemos afirmar que uma das características destes roteiros é possuir em sua essência a sedução do desconhecido, o exótico e o medo ao mesmo tempo da aventura e exploração.
As condições de domínio sobre as possíveis variáveis que poderiam ocorrer eram quase sempre impossíveis de serem controladas. Em virtude das condições objetivas existentes naquele dado período histórico, cada viagem, mesmo que repetida várias vezes era sempre recheada de novas emoções, quanto ao clima, presença de animais silvestres de vários portes, índios pedintes e ou ferozes, escravos fugitivos e doentes, grupos de assaltantes e andarilhos penitentes e beatos.
Toda viagem tinha um sentido de exploração, aventura e perigo. Considerando, que as condições para a locomoção eram rudimentares e extremamente precárias o gasto de tempo nos roteiros poderiam durar vários meses, onde as caminhadas quase sempre se estendiam até as duas ou três horas da tarde ao lombo de cavalos e jegues.
A luta pela comida era amenizada e facilitada, quando o viajante durante o trajeto encontrava pequenos ou grandes proprietários de terra que possuíam roças ou quando conseguiam pernoitar em uma estalagem. Essas condições, entretanto dependiam de vários fatores, tais como: conseguir vagas nas mesmas, já que a infra-estrutura nesse campo era muito tímida. Quando rancheados organizavam-se para conseguir a caça, pesca, extraindo da mata frutos e colhendo mel de pau:
... não marcham de sol a sol, mas até o meio-dia, e quando muito até uma ou duas horas da tarde, assim para se arrancharem, como para terem tempo de descansar e de buscar alguma caça ou peixe, aonde o há, mel de pau e outro qualquer mantimento.
Segundo as condições descritas por Antonil, as caminhadas são primorosas em detalhes não comuns entre aqueles que se aventuravam a escrever sobre o Brasil, essa característica de um narrador brilhante explorando a história junto à “economia política”, qualifica-o como um historiador que trouxe para a historiografia brasileira ares mais nacionais.
A importância de Antonil está no fato de que, ao chegar ao Brasil esse italiano membro da Companhia de Jesus assume a reitoria do Colégio de São Salvador, onde desenvolve estudos sobre a produção açucareira. Buscando com isso, entender o processo das novas atividades econômicas de mineração e de ganadeira, detalhando as rotas de acesso a esses pontos. Na verdade, Antonil foi uns dos primeiros escritores que ao descrever o Brasil mostra detalhes esquecidos e/ ou inéditos sobre caminhos, estalagens, formas de subsistência e tempo de percurso.
Podemos afirmar que, essas rotas constituíam-se em informações turísticas preciosas para os exploradores, comerciantes, soldados da guarda nacional, portugueses, e aventureiros (que poderiam ser piratas ou invasores ) ingleses, irlandeses, holandeses e franceses. Essa corrida aos metais seduziu também muitos frades brasileiros e portugueses que acabaram deixando os mosteiros de Salvador, Rio de Janeiro, Maranhão e Portugal em busca da riqueza. No entanto, a febre do ouro afetou todos seguimentos e classes da sociedade, famílias inteiras foram para a extração o próprio gentil foi obrigado a garimpar e destruir sua cultura. Mais tarde surge o escravo africano para garimpar e sob os olhos atentos de seu senhor é muitas vezes obrigado a ingerir grande quantidade de purgantes e fazer suas necessidades em reservatórios especiais na presença de seus donos ou pessoas de confiança, como bem, descreveu Rugendas.
1) Fonte pesquisada no dia 20 de fevereiro de 2011 http://migre.me/3USCF
 

ROTEIRO DO CAMINHO VELHO DO RIO DE JANEIRO, SÃO PAULO E MINAS DO OURO DE 1707

"PIQUETE-SP NO CAMINHO DA HISTÓRIA, NO CAMINHO DO OURO"
A vasta cartografia relativamente ao período colonial, possibilita identificar, o que fora objeto de grandes discussões, ou seja, a questão de divisa entre São Paulo e Minas. Desta feita, em 1707, a Vila de Guaratinguetá tinha como limite o Morro Caxambu. Até que fosse criada a comarca do Rio das Mortes. É muito difícil ver diante da mais incontrastável lógica, e linhas de mapas honestos, que à partir de Guaratinguetá o rio Paraíba era atravessado à curta distância. Resultando dessa assertiva que, o traçado sempre foi de sentido horário, quando então seguia-se viagem pela margem esquerda do rio, e jamais “sentido anti-horário”, como quer fazer crer alguns desavisados. Impõe concluir, haja vista, da reiterada descrição toponímica, “SERRA ACIMA” que não existia outra maneira de se chegar a Garganta do Embaú, senão, passando pelo núcleo que veio a dar origem a Piquete. http://migre.me/3UKGw

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

TRANSCRIÇÃO: Vestígios indígenas na cartografia do sertão da América portuguesa (Glória Kok) 1

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Nos três séculos iniciais do processo de colonização da América portuguesa, o espaço – convencionalmente chamado de – traduzia‑se em vastidão desconhecida e imprecisa, à margem dos núcleos de povoamento, das igrejas e do raio de ação da administração colonial. Tratava‑se, sobretudo, de territórios de circulação dos povos nativos e, não raro, encontrava‑se à mercê das conquistas espanholas Do intenso convívio dos habitantes da Capitania de São Paulo com as populações indígenas, seja por apresar os “negros da terra” como escravos, seja através das relações de parentesco firmadas durante a conquista, derivou uma progressiva decodificação dos territórios indígenas, incentivada pelas autoridades portuguesas com o intuito de garantir o domínio dos habitantes e de suas terras. Técnicas e estratégias complexas, transmitidas pelos nativos aos paulistas, viabilizaram as sistemáticas expedições pelo sertão – bandeiras, monções e levas de povoadores para as fronteiras –, capazes de enfrentar florestas tropicais, descampados, serras íngremes, rios encachoeirados e terrenos pantanosos. Nessas empresas coloniais, as contribuições dos grupos nativos foram imprescindíveis no que se refere a fornecer informações detalhadas não só sobre a topografia e a geografia, bem como outros conhecimentos, necessários à elaboração de mapas, esboços, técnicas de representação e orientação nos caminhos terrestres e fluviais do sertão. Esses conhecimentos integravam a “cartografia indígena”, isto é, um acervo de informações espaciais, construído pela memória e enraizado, principalmente, nos sentidos. Seguindo os passos do antropólogo Claude Levi‑Strauss, pode‑se dizer que a artografia indígena inscreve‑se numa “ciência do concreto”, baseada em modos de observação e de reflexão a partir da “organização e da exploração especulativa do mundo sensível, em termos de sensível”
Fonte: pesquisa realizada no dia 11 de fevereiro de 2011
 
- http://www.scielo.br/pdf/anaismp/v17n2/07.pdf