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Nos três séculos iniciais do processo de colonização da América portuguesa, o espaço – convencionalmente chamado de – traduzia‑se em vastidão desconhecida e imprecisa, à margem dos núcleos de povoamento, das igrejas e do raio de ação da administração colonial. Tratava‑se, sobretudo, de territórios de circulação dos povos nativos e, não raro, encontrava‑se à mercê das conquistas espanholas Do intenso convívio dos habitantes da Capitania de São Paulo com as populações indígenas, seja por apresar os “negros da terra” como escravos, seja através das relações de parentesco firmadas durante a conquista, derivou uma progressiva decodificação dos territórios indígenas, incentivada pelas autoridades portuguesas com o intuito de garantir o domínio dos habitantes e de suas terras. Técnicas e estratégias complexas, transmitidas pelos nativos aos paulistas, viabilizaram as sistemáticas expedições pelo sertão – bandeiras, monções e levas de povoadores para as fronteiras –, capazes de enfrentar florestas tropicais, descampados, serras íngremes, rios encachoeirados e terrenos pantanosos. Nessas empresas coloniais, as contribuições dos grupos nativos foram imprescindíveis no que se refere a fornecer informações detalhadas não só sobre a topografia e a geografia, bem como outros conhecimentos, necessários à elaboração de mapas, esboços, técnicas de representação e orientação nos caminhos terrestres e fluviais do sertão. Esses conhecimentos integravam a “cartografia indígena”, isto é, um acervo de informações espaciais, construído pela memória e enraizado, principalmente, nos sentidos. Seguindo os passos do antropólogo Claude Levi‑Strauss, pode‑se dizer que a artografia indígena inscreve‑se numa “ciência do concreto”, baseada em modos de observação e de reflexão a partir da “organização e da exploração especulativa do mundo sensível, em termos de sensível”
Fonte: pesquisa realizada no dia 11 de fevereiro de 2011 - http://www.scielo.br/pdf/anaismp/v17n2/07.pdf
Fonte: pesquisa realizada no dia 11 de fevereiro de 2011 - http://www.scielo.br/pdf/anaismp/v17n2/07.pdf
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